segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Humor que está no sangue (Mariana Caminha)

Bem diferente daquilo com que nós brasileiros estamos acostumados. E está longe de ser inocente. Mas justiça seja feita: os ingleses são verdadeiros craques no que se refere ao senso de humor.

É um atrativo especial desse povo, mas nem por isso o talento se mostra escancarado. Muito pelo contrário. Para entender a fundo o senso de humor inglês, há de se passar um bom tempo por aqui.

São a ironia e o sarcasmo as estrelas principais do humor da ilha. Basta nos lembrarmos do sucesso fenomenal que fez o grupo Monty Python (alguns até o chamam de “Os Beatles do humor”). Refinada e sutil, muitas vezes passando pela autodepreciação, a ironia penetra os comentários diários de muitos ingleses.

Existem, inclusive, pesquisas científicas que tentam provar que o senso de humor do inglês é genético, não sendo portanto ligado à língua inglesa. Exemplo disso seria a falta de graça dos americanos, com quem compartilham a gramática.

Não há, com certeza, nenhum político americano tão espirituoso e irreverente quanto Winston Churchill. Entre as suas tiradas célebres, uma das mais conhecidas é a que ocorreu durante um debate, na Câmara dos Comuns, com a adversária política Nancy Astor. Lá pras tantas, ela alfineta: “Mr. Churchill, se eu fosse casada com você eu poria veneno no seu café!” E ele, na bucha: “E se eu fosse seu marido, tomaria...”

Um prato cheio para sentir o senso de humor inglês? Tente entender o que falam os maquinistas do famoso Underground, o metrô de Londres.

É muito comum ouvirmos os recados dados por eles através do sistema de som integrado aos vagões. Ora avisam sobre uma estação fechada; ora se desculpam pelo atraso de alguns minutos nas linhas.

Outras vezes, no entanto, soltam pérolas que surpreendem os passageiros, e arrancam risadas de todos.

Ontem mesmo, ao passarmos pela estação de King’s Cross, uma das mais movimentadas da cidade, ouvimos o seguinte:

“Este trem está pronto para partir. Por favor, afastem-se das portas. Por favor, permitam que as portas se fechem. E tentem não confundir essa orientação com – Por favor, fiquem no meio das portas. São duas coisas diferentes. Obrigado.”

Li em algum lugar que outro maquinista engraçadinho disse o seguinte:

“Ladies and gentlemen, pedimos desculpas pelo atraso no serviço. Eu sei que todos vocês estão loucos para chegar em casa, a não ser que, claro, aconteça de algum de vocês estar casado com a minha ex-mulher. Nesse caso, você preferiria estar viajando para a direção oposta.”

Outros, mais ousados, vão além:

“Devo lembrar a todos os passageiros que é estritamente proibido fumar em qualquer parte do Underground. No entanto, se você estiver fumando maconha, seria justo passar o cigarro para todo o vagão. Obrigado.”

Coisas que só escuto aqui em Londres…

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